domingo, 21 de junho de 2009

1.3 - Terceiro Período (1380 - 1422)


Nas últimas décadas do século XIV e as décadas iniciais do século seguinte foram marcadas pelas disputas internas nos dois países, arrefecendo momentaneamente a guerra externa. No caso da Inglaterra ocorreram rebeliões camponesas lideradas por Wat Tyler, contra a servidão e posteriormente as disputas envolveram parte da nobreza, que lutou contra o rei, e culminou com a ascensão de Henrique de Lancaster ao trono, em 1399, com o título de Henrique IV.

Na França as lutas internas foram mais complexas e envolveram os interesses da região da Borgonha, antigo feudo poderoso, que lutou constantemente por seus interesses particulares. Em 1380, quando os ingleses nada mais ocupavam senão Calais e a Guyenne, morreu Carlos V na França, abrindo caminho para a ascensão do herdeiro Carlos VI, o Insensato, de doze anos. Houve uma série de disputas pelo poder, que culminou com a cisão da nobreza francesa em dois partidos: os armagnacs, partidários da família de Orléans, e os Borguinhões, partidários dos duques de Borgonha. Em considerando Carlos VI como incapaz, os Borguinhões pretenderam tomar o poder e, após várias derrotas, aliaram-se aos ingleses. Ao lado da família real ficaram o irmão do rei, Luís de Orléans e Bernardo de Armagnac. Nesta guerra civil, destacaram-se João sem medo, da Borgonha, e o Delfim Carlos.

No reinado do inglês Ricardo II, investido do poder assim que alcançou a maioridade (1389), as hostilidades praticamente cessaram. Ricardo II, enfrentou graves distúrbios sociais e a oposição de parte da nobreza, encabeçada por Henrique de Lancaster, que em 1399 subiu ao trono como Henrique IV.

A retenção inglesa de Calais e Bordeaux, no entanto, impediu a paz permanente. Na França, a evidente incapacidade mental do rei, Carlos VI, desencadeou acirradas disputas pelo trono entre seus irmãos. A eclosão da guerra civil na França (luta entre Armagnacs, partidários dos Orléans, e os Borguinhões, partidários do duque de Borgonha), além da loucura do rei Carlos VI, animou o novo rei inglês, Henrique V, a insistir em suas reivindicações no tocante ao trono francês (invocando a lei sálica). Henrique V, primo de Ricardo II, assumira a coroa em 1413.

A guerra civil e a loucura do rei Carlos VI permitiram novas conquistas dos ingleses. Em 1415, Henrique V desembarcou na Normandia, invadindo e tomando Harfleur. Neste mesmo ano, travou-se a batalha de Agincourt (ou Azincourt), num terreno em que a chuva transformara num atoleiro. A orgulhosa cavalaria francesa foi massacrada e milhares de nobres franceses pereceram. Seguiu-se a ocupação de Paris (1415), da Normandia (1419) e de outras regiões no norte da França, obrigando a assinatura da paz, com a cumplicidade de Isabel da Baviera. O Tratado de Troyes (1420), que garantia a Inglaterra todo o norte do país (inclusive Paris) e, o mais grave, forçou Carlos VI a deserdar do trono seu filho, o Delfim Carlos VII. Henrique V casou-se com a princesa Catarina, filha de Carlos VI, ficando com o direito de herdar o trono.

Depois do assassinato de João sem Medo, duque de Borgonha e um dos contendores na guerra civil da França, Henrique V aliara-se ao filho do duque, Filipe, o Bom. A união teve sucesso e até 1422 o rei inglês e o novo duque de Borgonha controlaram todo o território francês ao norte do Loire, incluindo Paris e a Aquitânia.

Naquele ano, morreram tanto Carlos VI quanto Henrique V, o que faz com que as duas coroas (a da França e da Inglaterra) fossem herdados por Henrique VI, que ainda era uma criança recém nascida. Dois barões ingleses encaregaram-se da regência: o Duque de Badford se ocupou da França e o Duque de Gloucester passou a administrar a Inglaterra. Carlos VII, o Delfim, assumiu a realeza em Bourges. Assim, a França encontrava-se dividida em dois reinos: nos territórios do norte, governava o rei inglês, apoiado pelos borguinhões; nos poucos territórios do sul, reinava o francês Carlos VII, com o apoio dos armagnacs.

Nenhum comentário:

Postar um comentário